Criação contínua de corpo-mundo

Houve um tempo em que pensava o corpo como coisa dada, sou assim e pronto e por mais que percebesse mudanças, transformações, processos inerentes à vida, ainda não havia percebido.

Perceber é uma ação, verbo, algo que a gente realiza ou não e por milhares de motivos, por não ter se debruçado o suficiente, por desconhecimento, por não querer…

E sim há sempre as condições genéticas, aquilo que permanece, que insiste em ser branco, negro, verde, azul, castanho, preto, louro, ruivo, com sardas…

Mas tenho me interessado, já faz um tempo por estes outros movimentos que nos criam continuamente.

Pegar ônibus, digerir, caminhar, ouvir música, as vozes dos que estão mais a nossa volta e com a qual aprendemos a falar, aprendemos o tom de voz, os gestos, os movimentos do pensamento, as cidades planas ou com morros, as cidades com morros e planos, os celulares, as mensagens que chegam incessantemente, os pequenos toques na pele que nos moldam, o modo como massageamos o couro cabeludo ao lavar o cabelo, o modo como passamos creme, escovamos os dentes…

E no meio de todos estes movimentos às vezes mais conscientes às vezes menos, as práticas de dançar a vida, de dançar na vida, de me curar através da dança, de me curar através da yoga, através de mudras, através do corpo.

São meus rituais diários e que fazem com que eu me lembre que corpo nunca é dado, mas devir constante.

Quem vou sendo no enquanto do movimento.


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